EM ALGUM MÊS DE 2024... ANTES DE JUNHO

24/06/2024

Às vezes é preciso fugir. Fugir da família, do trabalho, da rotina, de um relacionamento impossível... fugir da mente, essa massa de ar abafado e pesado. Eu fiz isso! Eu não pude mais suportar! Fugi, sem sair daqui. Peguei meu rumo e deixei só o meu corpo.

Sempre me achei um tanto covarde, por não ter paciência com os percursos. É recorrente em mim, desistir antes de terminar – e eventualmente antes de começar. Tenho a visão pulverizada das coisas. E assim pulverizada me torno, toda vez que me deparo com essas reincidências enjoativas da vida. Vai e volta... ciclos repetitivos... tá aí um motivo para se acreditar em carma.

Hoje estive pensando na aparência desse corpo que eu deixei aqui para vocês. O semblante de uma mulher, quando ela está andando sozinha pela rua, pode representar muito do que ela está vivendo. Quase sempre, se a imagem é taciturna, olhar para o chão ou para o além do campo de visão, ombros rígidos, em flecha, apontando tensos para cima, ainda que bem arrumada, maquiada, esta mulher está sendo atormentada por um homem. Minha colega de trabalho sempre diz: "O homem já nasce com essa ferramenta; infernizar a mulher!". Isso está mais do que provado na minha vida, na forma repetida com que isso me acontece. Se por outro lado, a imagem da mulher é brilhante, altiva, confiante, é muito provável que seja sozinha, que não esteja envolvida com um homem, ou que já tenha se livrado de qualquer expectativa em ralação a eles. Eu, vinha vivendo a primeira opção. E pensava que não poderia mais me livrar daquele peso deprimente que eu carregava nos meus ombros. Estava errada... muito errada. Mas precisei quase chegar ao ponto da própria aniquilação para entender que sempre há uma saída; normalmente está diante de nossos olhos e lutamos em não ver. A minha, foi o abandono... foi a fuga.

Andei mais de um ano pelas ruas de Porto Alegre, contando pedras, grãos de areia, paralelepípedos, faixas de pedestres... o mais alto que minha visão encontrava era algum bichinho, na maioria das vezes abandonado por algum maldito ser humano. E lhes digo categoricamente: me arrependo de me ter submetido a este estado de espírito. Ninguém, absolutamente, é culpado pela minha apatia, pela minha entrega. Este é um buraco que a gente se enfia por que quer. Por achar que sai a hora que desejar. Errado! No meu caso, a força de vontade afundou junto comigo. Ficamos ali, as duas, abraçadas, inertes. Quando libertei minha alma e deixei essa massa corporal, peguei minha mente, mas deixei os pensamentos com o corpo. Essa liberdade pode parecer aterradora, no início, mas quando a gente não espera nada de ninguém, o melhor é o não querer retorno. Todas as vias só vão. No regrets! Sem mágoas, sem nada!

Nessa minha liberdade, conheci homens bons e ruins, mas nunca mais deixei qualquer um deles eternizar uma ferida em mim.

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